Há poucos
dias, a cidade de Papanduva sofreu um problema de enxurrada e enchente que
durou poucas horas, mas que causou grandes transtornos e prejuízos à população.
É preciso que
sejam limpos todos os córregos, os pequenos afluentes do rio Papanduva e que
seja feita a dragagem do próprio rio dentro da cidade, aquém e além da ponte da
BR 116, porque o rio precisa de vazão muito maior. A gora que a Fatma concedeu
a licença, possivelmente se fará realizar esta
tarefa tão necessária.
Falta
sim, a população se educar quanto ao problema do lixo e entulhos, para todo o
sempre.
Agora,
convenhamos que se acontecer um fenômeno de chover mais de 200 milímetros em 45
minutos, ou 113 milímetros em 1 hora em alguns
pontos do altiplano papanduvense como aconteceu, não vai ter drenagem que dê
conta. Teremos problemas nas baixadas, sim.
Tenho ainda algumas ponderações que a vida me
ensinou. Um agravante, o rio teve sua flora original destruída, a chamada mata
ciliar.
Devemos lembrar que a Avenida Papa João XXIII
foi construída em lugar impróprio, num banhado, sobre a várzea do rio, ou seja,
local naturalmente alagadiço.
Como
se não bastasse o fato de terem sido ocupadas as áreas da várzea, o crescimento
desordenado da cidade também fez com que o solo da bacia do Papanduva fosse
sendo impermeabilizado: asfalto, telhados, passeios e pátios foram fazendo com
que a água das chuvas não mais penetrasse no solo que a reteria. Uma grande
percentagem da precipitação corre imediatamente para os córregos que finalmente
as conduz para o rio que não tem condições de absorver o volume. Seria
necessária uma maior conscientização da população no sentido de evitar a
impermeabilização do solo.
É
lamentável saber dos prejuízos e transtornos sofridos pelas pessoas diretamente
atingidas; residências, móveis, veículos e documentos destruídos etc., bem como
o perigo de doenças.
A
enchente ocorre quando o rio Papanduva recebe, repentinamente, um grande volume
d'água dos seus pequenos afluentes, dos córregos e das enxurradas que desaguam
muita água em alguns poucos minutos. Enquanto a água do Papanduva não ganha
velocidade, o rio enche até transbordar. Por causa desse fenômeno hidráulico, o
rio Papanduva precisa de uma área lateral para poder absorver essa enchente.
Não
sendo feita a manutenção adequada da calha do rio, a situação se agrava. Muitas
medidas já foram tomadas, mas insuficientes e esbarrando em burocracias
ambientais. Com chuvas intensas e fenômenos
metereológicos extraordinários, tudo pode acontecer.
Recuperar
as matas ciliares, substituir uma prática agrícola predatória, impedir a ocupação
de áreas ribeirinhas, educar a população quanto a importância de não se atirar
lixos e detritos nos arroios, córregos, rio e galerias e, principalmente,
adotar um novo modelo de desenvolvimento, não são medidas fáceis de serem
adotadas.
De
imediato precisamos focar a limpeza dos córregos, a calha do rio e a
recuperação das funções naturais das várzeas do rio à montante do trecho que
corta a cidade de Papanduva como uma alternativa viável para o controle das
enchentes.
Papanduva, fevereiro de 2015